Antes mesmo de engravidar eu tinha todo um discurso pronto sobre o parto, vivia repetindo: “como o próprio nome diz, eu gostaria de ter um parto simplesmente normal, não precisaria ser humanizado e nem ter uma equipe especial para isso” pura inocência a minha, quando engravidei eu entrei de cabeça neste universo e passei a entender a importância da humanização do trabalho de parto. Infelizmente, por diversas razões que não me aprofundarei neste momento, o parto acaba sendo roubado das mulheres, ou seja, sem perceber elas perdem o direito de tomar as suas decisões sobre como querem que seus filhos cheguem ao mundo.
Elas acabam sendo induzidas a fazer as escolhas que serão mais convenientes à equipe médica, e a esta e outras práticas damos o nome de violência obstétrica, e para nos livrarmos deste mal, a única solução é nos munirmos com muita informação além de buscar bons profissionais em que você possa confiar. Assim comecei a me preparar para o meu sonhado parto humanizado! Busquei um médico que realmente acreditasse que o tipo do parto devesse ser escolha minha, e que ao menos que houvesse alguma intercorrência real comigo ou com o bebê nós esperaríamos o momento do Luca para nascer. Pedi ao médico a indicação de uma enfermeira obstetra, que já trabalhasse com ele, para me acompanhar antes e durante o parto. A princípio o Danilo, meu marido, tinha um pouco de receio em assistir ao parto e não tinha muita ideia da importância do papel dele neste momento. Pedi para ele me acompanhar a um curso do Somos Mães de Primeira Viagem onde pudemos assistir à palestra do Dr. Gustavo Ventura, que por sinal foi incrível, e foi neste dia que ele entendeu o que significava a humanização do trabalho de parto, que acima de tudo é o respeito às vontades da mulher, e então ele passou a me apoiar ainda mais tendo a certeza de que esta era a nossa melhor escolha. Chegamos ao final da gestação e na 37ª semana tive uma grave inflamação nas costelas, travei geral e não conseguia nem me mexer, fiquei desesperada achando que o sonho estava indo por água abaixo, cogitei marcar uma cesariana pois estava morrendo de medo de entrar em trabalho de parto, com aquela dor que estava sentindo, eu tenho certeza que não suportaria as contrações, mas antes disso conversei com a Dra. Aline a fisioterapeuta que me salvou, com algumas sessões e exercícios as dores foram melhorando e voltei a sonhar com o plano original. A partir das 38 semanas a ansiedade já estava me consumindo, não sentia nenhum sinal de trabalho de parto... li mil relatos, assisti mais outros mil vídeos e continuava na espera, quando completei 39 semanas resolvi que não iria mais para o escritório, já estava bastante cansada e com um pouco de medo de algo acontecer fora de casa, passei a ter leves cólicas noturnas, os famosos pródomos... Chegamos às 40 semanas e neste momento eram tantos pensamentos rodeando minha cabeça que eu já estava pirando, o primeiro deles era a preocupação de não entrar em trabalho de parto a tempo já que poderíamos aguardar até 41 semanas e meia, além disso pensava em como iniciariam as contrações, se iria estourar a bolsa, etc. E para ajudar a me deixar ainda mais ansiosa, recebi várias ligações e mensagens de amigos e da família perguntando se ainda não tinha nascido... rs Com 40 semanas e 1 dia surgiu o primeiro sinal, fui ao banheiro e saiu parte do tampão mucoso. Sabia que ainda poderia demorar mais alguns dias, mas já me animei por saber que meu Luca estava chegando. No dia seguinte perdi mais algumas partes do tampão e no dia 02/04 com 40 semanas e 3 dias, às 4:30h da manhã fui acordada com algumas pontadas de cólicas, a princípio fiquei meio em dúvida se seriam mesmo as contrações chegando, fiquei quietinha na cama e percebi que as cólicas tinham um certo ritmo, iam e vinham, comecei a ficar meio agitada e logo o Danilo percebeu, respondi que achava que era o momento, ele logo começou a monitorar as cólicas com o aplicativo de contrações. Enviei um mensagem para a Fran, a enfermeira obstetra que contratamos, com uma cópia da tela do app e ela logo me confirmou que era mesmo o início do trabalho de parto. Continuamos contando as contrações através do aplicativo, eu avisava quando começavam e ele ia marcando. Até então as contrações estavam muito tranquilas, inclusive conseguimos almoçar, quando deu umas 2h da tarde entrei novamente em contato com a Fran pois as contrações estavam ficando mais fortes e frequentes, resolvemos ir para a maternidade. Chegando lá fizeram o exame de toque e eu estava com apenas 1,5 cm de dilatação, mandaram aguardar 1h para refazer o exame e ver se estávamos evoluindo. Neste tempo eu e a Fran caminhamos pelo hospital, subimos escadas, fizemos agachamentos, quando fizeram o toque novamente eu continuava com 1,5 cm... me mandaram de volta para casa... fiquei aflita pois eu já estava com dores bem fortes. Chegando em casa eu estava me contorcendo e então meu marido resolveu ligar para meu médico que mandou voltarmos para o hospital que ele iria solicitar para me internarem. Descobrimos neste meio tempo que minha dilatação não estava evoluindo pois eu tinha muito líquido na bolsa, então as contrações vinham fortes, mas ele não conseguia encaixar. Ainda bem que nossa casa fica pertinho do São Luiz, voltamos e nos internaram... nos colocaram em um quarto e lá ficamos, apenas eu e o Dan, ligamos para a Fran voltar, e até que ela chegasse fiquei no chuveiro quente. Quando ela chegou, já eram quase 19h, sai do chuveiro, deitei na cama e ela fez o exame de toque, neste momento a bolsa finalmente estourou e foi um banho de líquido aminiótico, era muito líquido mesmo, mas neste momento eu tive certeza que meu parto normal iria mesmo acontecer. Antes da bolsa estourar eu estava a ponto de desistir pois já estávamos a quase 15h em trabalho de parto sem dilatação. Bom, depois disso voltei para o chuveiro e ficamos algum tempo até que a Fran me examinou novamente por volta das 20h ela disse que era a hora de descermos para a sala de parto. Me levaram de cadeira de rodas e o Dan e a Fran foram se trocar. Chegando no centro cirúrgico queriam secar meus cabelos, não entendi nada, mas depois me explicaram que como a grande maioria dos partos são cesárias é um procedimento padrão por conta do bisturi elétrico. Me colocaram em uma sala de espera péssima, tinha uma maca e uma poltrona horrível, me deixaram lá sozinha aguardando... ainda bem que contratamos a super Fran, que chegou rapidinho e já agilizou para entrarmos na sala delivery, que é demais, tem banheira, iluminação especial, bola de pilates, usamos tudo isso e o Dan ainda comandou o som ambiente. As dores foram ficando mais e mais fortes, quando eu não estava mais aguentando pedi a anestesia, porém teria que aguardar meu médico chegar e ele acabou demorando, não sei se demorou mesmo ou se eu estava com tanta dor que o tempo pareceu uma eternidade, neste momento fiquei dentro da banheira pois era a única forma de aguentar as dores, confesso que neste ponto eu gritava muito durante as contrações, no dia seguinte estava até com dor de garganta... rs Quando vi o Dr. José Vicente entrando no quarto eu já estava implorando pela anestesia, era em torno de 23h fui para a maca e fiquei sentada de costas, estava me contorcendo, e logo foi feita a peridural, era tanta dor das contrações que nem senti as picadas da anestesia na coluna, logo depois eu relaxei, o Dr. me examinou e estávamos com 9 cm de dilatação! Uhuuul, faltava pouco! Logo depois ele me perguntou se eu estava pronta para começar a fazer força, a Fran estava a meu lado e me avisava quando as contrações chegavam, pois eu já não sentia mais... Fui fazendo a força conforme eles me orientaram, o Dr. disse que já estava vendo os cabelinhos do Luca mas que precisaria ajudar ele a sair. Não tive escolha a não ser concordar com o uso do fórceps. Então no dia 03/05 de 2018 às 0:47h chegou ao mundo meu pequeno! Logo que ele nasceu foi colocado no meu peito pele a pele, ficamos assim durante todo o procedimento de retirada da placenta e tb dos pontos que tive que tomar na pequena dilaceração que ocorreu. Mas eu não estava nem me importando com o que acontecia lá em baixo, estava apaixonada olhando para meu menino todo perfeitinho em meus braços. Em seguida toda equipe saiu da sala e ficamos lá curtindo nossa Golden Hour, eu, o Dan, o Luca e a Fran, tentamos fazer ele mamar mas não rolou, vou deixar este drama para um próximo capítulo! Não posso deixar de agradecer minha querida Fran, sem ela eu não teria conseguido! Recomendo a todo mundo que sonha com um parto normal buscar este apoio profissional, para mim foi fundamental.
Foram quase 20h de trabalho de parto, foi sofrido, mas foi a experiência mais intensa e linda da minha vida. Me emociono só de lembrar!

Fisioterapeuta
Dra. Aline - (11) 99395-4396
Enfermeira Obstetra
Françoise - (11) 99669-1907
Obstetra
Dr. José Vicente Kosmiskas - (11) 98695-0031

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